O cimento é um dos materiais de construção mais utilizados no mundo, sendo a base para a fabricação do concreto e de diversas estruturas essenciais, como edifícios, pontes e estradas.
Ele tem a capacidade de endurecer e ganhar resistência quando misturado com água, mesmo em ambientes úmidos.
Sua produção é realizada através de calcário e argila, que após serem misturadas vão para um moinho podendo receber a adição de areia e minério de ferro, principalmente.
Após moídos passam por um processo de cozimento e se transformam em um pó que os fabricantes chamam de “farinha” ou “cru”.
Em seguida, o material é conduzido a um forno rotativo, onde é aquecido a altas temperaturas e depois rapidamente resfriado por jatos de ar.
O clínquer resultante é então combinado com gesso (gipsita) e outros aditivos, formando diferentes tipos de cimento, que são posteriormente ensacados para comercialização. No entanto nas fornalhas, o carbonato de cálcio (CaCO3) dá origem ao óxido de cálcio (CaO), tendo como resíduo o CO2.
A adoção de práticas baseadas na economia circular tem se mostrado uma solução viável para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e minimizar a exploração de recursos naturais. Uma das estratégias promissoras é o uso de resíduos minerais provenientes de pedreiras e mineração na produção de cimento ecológico.
O conceito de economia circular baseia-se na reutilização, reciclagem e reaproveitamento de materiais, reduzindo a geração de resíduos e a necessidade de extrair novas matérias-primas.
Na indústria do cimento, essa abordagem se traduz na incorporação de resíduos minerais como substitutos parciais de insumos tradicionais, como calcário, argila e ferro. Estudos recentes demonstram que diversos tipos de resíduos minerais podem ser utilizados na produção de cimento ecológico.
Alguns exemplos incluem resíduos de pedreiras de calcário, que podem substituir parcialmente o calcário na mistura de cimento, reduzindo a necessidade de exploração de novas jazidas: rejeitos de mineração de Pb-Zn, ricos em sílica, alumínio e ferro, que podem ser incorporados na produção de cimentos com menor pegada de carbono; e cinzas volantes e escórias siderúrgicas, já amplamente utilizados na indústria, que contribuem para melhorar a durabilidade do cimento e reduzir a emissão de CO₂.
A utilização de resíduos minerais na fabricação de cimento apresenta diversas vantagens, trazendo benefícios tanto para a indústria da construção, que pode reduzir custos e otimizar recursos, quanto para o setor de mineração, que encontra uma destinação sustentável e agrega valor aos subprodutos gerados.
Havendo também a otimização da composição do cimento, melhorando propriedades como resistência mecânica e durabilidade, tornando o material mais eficiente.
A transição para uma indústria cimenteira mais sustentável é essencial para mitigar os impactos ambientais do setor da construção. A incorporação de resíduos minerais na produção de cimento ecológico, dentro do conceito de economia circular, é uma solução viável que alia eficiência econômica e responsabilidade ambiental.
Dessa forma, o setor mineral pode auxiliar de forma crucial a redução da pegada de carbono e na criação de um futuro mais sustentável para a indústria da construção.
Fonte: Fidanchevski, E.; et al.; The Valorisation of Selected Quarry and MineWaste for Sustainable Cement Production within the Concept of Circular Economy. Sustainability 2022, 14, 6833.
