Formada em língua inglesa, música, geologia e matemática, Marie Tharp realizou um trabalho pioneiro no estudo do fundo oceânico.
Ela criou os primeiros mapas detalhados da topografia do fundo oceânico, através da compilação de dados coletados pelo colega de trabalho, Bruce Heezen.
Como nos conta a história de tantas mulheres na ciência, o caminho de Tharp não foi fácil.
Segundo Tharp, ela nunca teria tido a chance de estudar tanto se não fosse por Pearl Harbor, pois precisavam de mulheres para preencher as vagas deixadas pelos homens.
Nos trabalhos com dados submarinos, Tharp era responsável por compilar e interpretar os dados no escritório, e não pode participar da coleta dos dados pois mulheres não eram admitidas nos barcos.
Entre os anos 50 e 60, o contexto científico era de um descrédito generalizado sobre Alfred Wegener e sua Teoria da Deriva Continental, publicada no início dos anos 1900.
Defensores da tal teoria eram motivo de chacota. Por isso, quando Tharp mostrou suas interpretações dos dados, houve um empasse.
Os mapas produzidos por Tharp formavam uma forte evidência de que sim, os continentes se moveram.
Isto porque os desenhos mostraram com alta precisão as cordilheiras montanhosas no centro dos oceanos, com vales em seu interior, e acompanhadas por gigantescas zonas de fratura.
Em um primeiro momento, as interpretações de Tharp não foram descartadas por seu colega de trabalho Bruce Heezen.
No livro Ocean Talks, de Marie Tharp, ela cita a justificativa dada pelo colega: “Nothing but foolish, silly girl talk!” (algo como, “isso não passa de tolo e bobo papo de mulher”).
Ele a mandou ela refazer seu trabalho que estaria claramente errado.
Ela não refez.
Ao invés disso, pesquisou mais alguns dados, e descobriu que os epicentros de terremotos (sismos) coincidiam perfeitamente com as feições mapeadas no centro dos oceanos.
Ao ver isso, Bruce se convenceu da idéia, e eles publicaram os primeiros resultados em 1957.
Seguindo a tradição da época de manter o homem como principal autor dos trabalhos, ela ficou como segunda autora.
A comunidade científica não quis aceitar aqueles mapas, que mais pareciam ser a prova de que a demonizada teoria das placas tectônicas poderia estar certa.
Por isso, o explorador francês Jacques Cousteau realizou uma expedição para provar que os mapas de Marie estavam errados, através da filmagem do fundo do mar na região das cordilheiras oceânicas.
E, como sabemos hoje, os mapas não estavam errados, e Cousteau publicou suas imagens em um congresso em 1959, validando a descoberta de Tharp.
A partir daí a Teoria de Wegener passou a ser amplamente aplicada nas teorias que explicam a evolução da Terra.
Os desenhos de Tharp foram essenciais para a compreensão da estrutura e evolução da crosta terrestre, dando a força que faltava para que a teoria das placas tectônicas fosse aceita.
Com isso, o trabalho desta cientista teve um impacto expressivo no entendimento dos oceanos e do planeta como um todo.
One thought on “Marie Tharp e a teoria da Tectônica de Placas”
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Parabéns Marcela sucesso