Há tempos o homem busca compreender o comportamento das feições naturais e das propriedades constitutivas dos materiais que as compõem.
O entendimento preciso de parâmetros geológico-geotécnicos-geomecânicos resultam em projetos de engenharia enxutos, eficazes e seguros.
Portanto, existe a necessidade da obtenção de embasamento por meio de informações sólidas, sendo qual for o escopo construtivo. Sabe quanto custa um investimento em monitoramento geotécnico? Cerca de 2% a 3% do custo total do empreendimento.
A ausência desse pequeno “investimento” pode resultar no fracasso de uma obra, ou na pior das situações, supressão de vidas.
A incerteza, principal responsável por superdimensionamentos, somada aos erros e acertos construtivos da engenharia, levou o corpo técnico a necessária busca por formas eficientes de pesquisas voltadas a previsão do comportamento geotécnico de solos e rochas; inicialmente, com instrumentos simples, de natureza mecânica e hidráulica e posteriormente pelo avanço tecnológico, por transdutores pneumáticos, elétricos e historicamente recentes, óticos.
Detalhes sobre esses instrumentos podem ser consultadas na bibliografia recomendada em nossa disciplina.
Você sabe o que implica uma rotina de monitoramento geotécnico?
As técnicas iniciais de monitoramento eram realizadas exclusivamente de forma manual, exigindo premissas básicas, para o funcionamento ideal, uma rotina de tomada de dados, executadas preferencialmente por uma mesma equipe técnica de leitura.
Assim, a instrumentação geotécnica passou a ser parte integrante da pauta dos projetistas e a sua implantação, em muitas das vezes, infelizmente se restringia apenas ao monitoramento pós-conclusão de um empreendimento.
Conforme a evolução tecnológica dos instrumentos geotécnicos, houve a necessidade do aprimoramento do método de obtenção de dados.
A leitura manual, apesar de válida, é passível de limitações, tais como o acesso a determinados locais, a manutenção da frequência de coleta de dados e imposições climáticas.
Podemos apontar casos de sucesso no âmbito internacional, como o metrô de Londres, apontando que nos dias de hoje é inaceitável pensar na ausência de sistemas de monitoramento automatizados, quando lidamos com obras de complexo grau construtivo.
A experiência brasileira geotécnica deve continuar a conscientizar nossos geotécnicos que não se instrumenta apenas quando uma tragédia acontece e que dados estatísticos devem ser direcionados a previsões de incidentes/acidentes.
A automatização permite não apenas um controle total sobre a evolução ou não da influência do projeto sobre o comportamento geotécnico dos materiais bem como a recíproca, além da prevenção de riscos tão recorrentes e recentemente difundidos nos grandes meios de comunicação. Erroneamente é pensado, por vezes, que este sistema substitui a tradicional aquisição manual, quando na verdade ele tende a se somar a este tipo de procedimento de monitoramento.
A natureza não é previsível, porém é fundamental que o conjunto de todos esses apontamentos devam auxiliar no entendimento de seu comportamento, todavia nada disso terá validade se não nos fizermos uma simples e básica pergunta:
“- Qual a minha expectativa em relação a instrumentação geotécnica para esta obra?” Sem essa resposta não adianta pensarmos em instrumentos, métodos e muito menos resultados concisos.