Nódulos Metálicos e a Produção de Oxigênio Negro no Fundo do Mar: Uma Descoberta Científica Revolucionária

Nos últimos anos, os nódulos polimetálicos, encontrados no fundo oceânico, têm atraído atenção crescente não apenas por sua riqueza em metais como manganês, cobre, níquel e cobalto, mas também por um fenômeno intrigante relacionado à produção de oxigênio.

A mais de 4.000 metros de profundidade, na zona de fratura Clarion-Clipperton, pesquisadores fizeram uma descoberta que desafia as concepções tradicionais sobre a geração de oxigênio na Terra: os nódulos estão gerando oxigênio por meio de um processo eletroquímico, conhecido como “oxigênio negro”.

Durante experimentos realizados em câmaras bentônicas, os cientistas observaram um aumento na concentração de oxigênio nas amostras de sedimento, algo inesperado em um ambiente sem luz solar.
Esse aumento de oxigênio foi atribuído à “eletrólise da água do mar”, um processo em que os nódulos, com suas propriedades elétricas, separaram as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio.

Essa descoberta é impressionante, pois sugere que, ao contrário da fotossíntese, que depende da luz solar, esses nódulos podem gerar oxigênio de forma independente, através de uma reação eletroquímica.

O fenômeno do oxigênio negro não só amplia nossa compreensão sobre os processos bioquímicos no fundo do mar, como também coloca os nódulos polimetálicos em uma nova luz, não apenas como fontes de recursos minerais, mas também como agentes naturais que podem influenciar o ecossistema marinho profundo.

A geração de oxigênio nas profundezas do oceano tem implicações significativas para os organismos que habitam essas regiões, muitos dos quais dependem de um ambiente oxigenado para sobreviver.

Este processo eletroquímico, que ocorre de forma natural e espontânea, sugere uma dinâmica única entre os nódulos metálicos e os organismos marinhos que vivem nas profundezas.

A pesquisa sobre essa “bateria geológica” não só abre novas possibilidades para a exploração científica dos oceanos, mas também questiona as origens e os mecanismos de produção de oxigênio, oferecendo uma nova perspectiva sobre os ciclos biogeoquímicos da Terra.

Além disso, essa descoberta pode ter implicações além da Terra, inspirando novas teorias sobre a possibilidade de vida em outros planetas e luas, como Encélado e Europa, onde ambientes oceânicos profundos podem abrigar condições semelhantes.

Com o avanço das investigações, o estudo dos nódulos metálicos promete revelar mais sobre os processos naturais que acontecem nas profundezas oceânicas e suas interações com o ambiente marinho.

Essa descoberta abre um novo capítulo na compreensão dos oceanos, mostrando que os nódulos polimetálicos têm um papel muito mais complexo e fascinante no ecossistema marinho do que se imaginava anteriormente.

Fonte: Sweetman, A.K., Smith, A.J., de Jonge, D.S.W. et al. Evidence of dark oxygen production at the abyssal seafloor. Nat. Geosci. 17, 737–739 (2024)