Riquezas Minerais nas Rochas do Arqueano: Uma Janela para o Passado da Terra

As rochas do Éon Arqueano, com aproximadamente 4 bilhões de anos, não são apenas testemunhas da história primitiva da Terra, mas também detentoras de uma grande importância econômica.

Essas rochas são particularmente valorizadas pelos depósitos minerais significativos que abrigam, especialmente nos chamados “greenstone belts“.
Nesta matéria, exploraremos os recursos minerais encontrados nas rochas arqueanas, destacando sua relevância econômica e os processos geológicos que possibilitaram sua formação e exposição.

Os greenstone belts são faixas de rochas metamórficas que se formaram durante o Éon Arqueano, e são caracterizadas pela presença de rochas vulcânicas máficas a ultramáficas e rochas sedimentares.

Essas formações são notórias por conterem grandes depósitos de ouro, sulfetos de níquel e elementos do grupo da platina. Esses depósitos são resultado de complexos processos geológicos que incluem a deformação intensa e a atividade de zonas de cisalhamento, que facilitam a ascensão e concentração de metais preciosos.

Depósitos Auríferos
Os depósitos de ouro em greenstone belts arqueanos são tipicamente do tipo orogênico, associados a sistemas hidrotermais controlados estruturalmente. Esses sistemas são dominados por silicificação e sulfetação, processos que concentram o ouro em veios e disseminações dentro das rochas hospedeiras.

No Brasil, o Quadrilátero Ferrífero, localizado no Cráton São Francisco, é um exemplo clássico disto.
Este cinturão é historicamente responsável por cerca de 40% do ouro produzido no país. Os principais depósitos de ouro no Quadrilátero Ferrífero incluem as minas de Cuiabá, Lamego, Morro Velho, Paciência, Raposos e São Bento.

Estudos de datação U-Pb em monazita indicam que a mineralização nessas minas ocorreu há aproximadamente 2,67 bilhões de anos.

Sulfetos de Níquel e Elementos do Grupo da Platina
Além do ouro, os depósitos arqueanos também contêm uma presença significativa de sulfetos de níquel e elementos do grupo da platina.
Trazendo para o contexto brasileiro, no greenstone belt Morro do Ferro, encontra-se o distrito cromoniquelífero de Fortaleza de Minas, que abriga depósitos de Ni-Cu-Co e elementos do grupo da platina, como os depósitos de Fortaleza de Minas e Pratápolis.

Esses depósitos estão associados a rochas komatiíticas, formando corpos lenticulares ou faixas alongadas de rochas ultramáficas e máficas intercaladas com metapelitos, xistos e formações ferríferas bandadas.
Esses depósitos de níquel se dividem em três tipos principais:
● Primário: encontrado na base de derrames peridotíticos komatiíticos.
● Hidrotermal: presente em vênulas, fissuras e fraturas.
● Supergênico: resultante de processos de enriquecimento secundário próximo à superfície.

As rochas do Arqueano, particularmente os greenstone belts, são tesouros geológicos que fornecem valiosas informações sobre os processos primitivos da Terra e são fontes cruciais de minerais economicamente importantes.

Compreender a formação e a distribuição desses depósitos não só nos ajuda a explorar e utilizar esses recursos de maneira sustentável, mas também nos permite apreciar a complexidade e a dinâmica da geologia do nosso planeta.