Os avanços na odontologia têm sido impulsionados pela constante busca por materiais que combinem resistência, estética e durabilidade.
Entre esses materiais, os minerais desempenham um papel fundamental, oferecendo uma gama de opções para restaurações dentárias que vão desde coroas até próteses fixas.
Vamos explorar como diferentes tipos de cerâmicas, derivadas de minerais têm contribuído para a evolução da odontologia.
Cerâmica Feldspática
A cerâmica feldspática é uma das primeiras opções estéticas para restaurações dentárias. O feldspato pertence ao grupo de silicatos de alumínio com potássio e tem grande aplicação na indústria da cerâmica e do vidro. Na cerâmica, sua função é a de fundente, pois apresenta um ponto de fusão menor do que outros componentes. Na composição da cerâmica, contém quartzo, feldspato e caulim (argila), formados por uma matriz vítrea (amorfa), tendo como principais constituintes o dióxido de silício 60%; óxido de alumínio; óxido de sódio e óxido de potássio. Parte das porcelanas apresentam partículas cristalinas dispersas na matriz, como a leucita, a alumina ou a fluorapatita. Proporcionando uma excelente translucidez e estética incomparável, mimetizando a aparência natural dos dentes, sendo também resistentes à compressão e à degradação causada pelos fluidos orais, além de não possuírem potencial corrosivo.
No entanto, sua fragilidade frente a impactos e sua limitada resistência à tração e flexão são desafios significativos. Para superar essas limitações, a combinação com metal tem sido uma solução comum, viabilizando seu uso em restaurações dos dentes e proteses fixas, que possuem mais tração e força cisalhante na mastigação. Para melhorar ainda mais a resistência, cristais de dissilicato de lítio, leucíta, alumina e zircônia foram acrescentados na produção das cerâmicas feldspáticas.
Cerâmica Reforçada por Leucita
Resistência e Estética.
As cerâmicas reforçadas por leucita, um mineral silicato do grupo dos feldspatóides, encontram-se sobretudo em lavas vulcânicas em pequenos cristais esbranquiçados e representam um avanço na busca por materiais que combinem resistência mecânica e estética. Com uma proporção maior de cristais de leucita, essas cerâmicas ganham em resistência sem comprometer a beleza, sendo indicadas para uma variedade de procedimentos, desde inlays até coroas unitárias anteriores e posteriores.
Cerâmica Reforçada por Dissilicato de Lítio
A Estética do Esmalte, a Resistência do Metal.
As cerâmicas reforçadas por dissilicato de lítio são reconhecidas por sua excelente estética, mimetizando os dentes naturais de forma impressionante. Sua resistência mecânica adequada e ausência de infraestrutura metálica as tornam uma escolha popular para diversas aplicações protéticas. No entanto, seu processamento requer investimento inicial mais alto devido à necessidade de equipamentos especiais.
Cerâmica Reforçada por Zircônia
O Equilíbrio entre Resistência e Estética.
A zircônia, é uma pedra artificial produzida em laboratório a partir do mineral zircônio, que é tratado com calor e produtos químicos para criar um aspecto brilhante. Emergiu como uma alternativa às infraestruturas metálicas, oferecendo resistência à fratura excepcional e alta capacidade estética. Sua aplicação abrange desde coroas até próteses sobre implantes, destacando-se pela sua longevidade clínica e biocompatibilidade. Ao combinar a resistência da zircônia com a estética das cerâmicas feldspáticas, é possível alcançar um equilíbrio entre beleza e durabilidade.
Como as porcelanas são feitas?
A produção do pó utilizado na fabricação de porcelanas segue um processo cuidadoso e meticuloso. Começando com a extração do feldspato, o material passa por um rigoroso processo de purificação para eliminar impurezas que podem afetar a cor final do produto. Esse processo de purificação pode levar até nove meses para ser concluído.
Uma vez purificado, o feldspato é combinado com quartzo e fundentes e aquecido a altas temperaturas, geralmente em torno de 1.300°C. Durante esse processo, conhecido como fusão incongruente, o feldspato se decompõe em uma fase vítrea com cristais de leucita dispersos em seu interior. O controle da quantidade de leucita pode ser ajustado pelo fabricante por meio de tratamentos térmicos ou adicionando leucita sintética.
Após o aquecimento, o material é resfriado rapidamente, resultando na fratura da massa e na formação do que é chamado de frita. Essa frita é então submetida a uma série de processos em moinhos de bolas de zircônia para garantir a distribuição uniforme das partículas do pó final.
Durante esta fase, os fabricantes também adicionam pigmentos, geralmente óxidos metálicos, para conferir à porcelana a cor e a fluorescência semelhantes às do dente natural. O produto final é um pó extremamente fino, que é fornecido em recipientes junto com um líquido para modelagem, pronto para ser utilizado na confecção de restaurações dentárias.
Em suma, os minerais têm desempenhado um papel crucial na evolução da odontologia, fornecendo materiais que atendem às demandas estéticas e funcionais dos pacientes. Desde as primeiras cerâmicas feldspáticas até as inovações em zircônia, a constante pesquisa e desenvolvimento nesse campo prometem continuar a moldar o futuro da odontologia, oferecendo soluções cada vez mais avançadas e personalizadas para restaurações dentárias.
Referências: ANDRADE, Allany de Oliveira et al. Cerâmicas odontológicas: classificação, propriedades e considerações clínicas. SALUSVITA, Bauru, v. 36, n. 4, p. 1129-1152, 2017.