A gipsita, um mineral amplamente encontrado na natureza, é um sulfato de cálcio hidratado com a fórmula química CaSO4·2H2O.
Ela costuma ser encontrada associada à anidrita (CaSO4), que possui menor relevância econômica. Com uma dureza de 2 na escala de Mohs e uma densidade de 2,35, a gipsita apresenta um índice de refração de 1,53 e é bastante solúvel. Sua coloração pode variar de incolor a branca, cinza ou amarronzada, dependendo das impurezas presentes nos cristais.
Esse mineral de baixa resistência, ao ser aquecido a aproximadamente 160°C, passa por uma desidratação parcial, resultando em um semi-hidrato comercialmente conhecido como gesso (CaSO4 · ½H2O).
Embora os termos “gipsita”, “gipso” e “gesso” sejam frequentemente usados de forma intercambiável, “gipsita” refere-se ao mineral em seu estado natural, enquanto “gesso” é o produto calcinado.
Variedades e Ocorrência
A gipsita é geralmente encontrada em granulação fina a média, em formações estratificadas ou maciças, e em tons de amarelo e marrom. Estas formações, conhecidas como rochas gipsíferas, podem conter outros minerais como anidrita, calcita, dolomita, halita, enxofre, quartzo e argilas. As principais variedades de gipsita incluem:
Selenita: Cristais monoclínicos prismáticos ou tabulares. Ocorre por meio da evaporação da água salgada de mares e lagos. Sua formação acontece quando a água rica em sulfato e cálcio evapora e se solidifica na crosta terrestre.
Alabastro: Forma maciça ou compacta de granulação muito fina, frequentemente de cor branca translúcida ou levemente sombreada, sendo a variedade mais comum e economicamente importante. Era utilizado pelas civilizações antigas para confecção de esculturas e outras obras de artes.
Espato Acetinado: Uma variedade com textura fibrosa e brilho sedoso
No Brasil, o Estado de Pernambuco destaca-se nesse cenário, com abundantes reservas de gipsita na região do Sertão do Araripe, abrangendo os municípios de Araripina, Bodocó, Ipubi, Ouricuri e Trindade, sendo responsável por 95% da produção nacional.
As jazidas do Araripe são reconhecidas como as de melhor qualidade em todo o mundo, apresentando excelentes condições de mineração em termos de relação entre estéril e minério, bem como em sua geomorfologia.
Usos e Aplicações
O uso da gipsita remonta a antigas civilizações, como os egípcios e romanos que a utilizavam em obras de arte e decoração.
Na atualidade, com o desenvolvimento da indústria cimenteira, a gipsita tornou-se crucial para a produção de cimento Portland, que requer a adição deste mineral para retardar o tempo de pega.
Na agricultura, a gipsita moída é usada como corretivo de solos alcalinos e deficientes em enxofre, melhorando a assimilação de potássio e o conteúdo de nitrogênio.
Na indústria, a gipsita é empregada como carga em papel, tintas, discos, pólvora, botões de fósforos e no acabamento de tecidos de algodão, além de atuar como distribuidor e carga em inseticidas. Ela também pode ser adicionada à água na fabricação de cerveja para aumentar sua dureza, usada no polimento de chapas estanhadas e como filler na construção de estradas asfaltadas.
Na indústria química, a gipsita é utilizada para produzir ácido sulfúrico, enxofre elementar, cimento, barrilha, cloreto de cálcio, sulfato de amônio e carbonato de cálcio, embora a viabilidade econômica desses processos possa ser desafiadora.
Gesso na Construção Civil e Outros Setores
O gesso, derivado da calcinação da gipsita, é amplamente utilizado na construção civil e na confecção de moldes para as indústrias cerâmica, metalúrgica e de plásticos, além de moldes artísticos, ortopédicos e dentários. Devido à sua resistência ao fogo, é utilizado na fabricação de portas corta-fogo e na mineração de carvão para vedar áreas com risco de explosão de gases. Isolantes térmicos e acústicos também são produzidos a partir do gesso, muitas vezes em combinação com outros materiais.
Gipsita Secundária e Sustentabilidade
A gipsita secundária, ou gipsita química, é um subproduto de processos industriais, como a obtenção de ácidos fosfórico, fluorídrico e cítrico, e da dessulfurização de gases em termelétricas. No Brasil e em outros países, a gipsita secundária tem substituído a gipsita natural como retardador do tempo de pega do cimento, embora ainda enfrente restrições para alguns usos.
Preparação e Processamento
Para utilização na indústria cimenteira, a gipsita passa por processos de britagem e cominuição. Na agricultura, além da britagem, é submetida à moagem e peneiramento. A produção de gesso envolve a calcinação controlada da gipsita bruta em fornos específicos.
A gipsita, com sua ampla gama de aplicações industriais e agrícolas, continua a ser um mineral de grande importância, contribuindo significativamente para diversos setores econômicos e industriais, tendo destaque na produção de gesso.
Referências: LUZ, A. B.; LINS, F. A. F. Rochas & minerais industriais: usos e especificações. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2005.