Desde os tempos antigos até os avanços industriais modernos, a fluorita tem sido essencial em diversas aplicações comerciais. Descoberta por Scheele em 1771, e posteriormente isolada por H. Moissan em 1886, a fluorita é a maior fonte comercial do elemento flúor, cujo nome deriva do latim “fluere”, significando fluxo.
Os antigos gregos e romanos utilizavam a fluorita para propósitos ornamentais, enquanto os chineses e índios americanos esculpiam figuras em seus grandes cristais. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a utilização comercial da fluorita foi consagrada, especialmente nas indústrias química, siderúrgica e cerâmica.
A mineração de fluorita teve início na Inglaterra em 1775, ganhando impulso significativo com o avanço da indústria siderúrgica. Sua utilidade como fundente e catalisador, especialmente na produção de gasolina de alta octanagem e na obtenção de gás Freon, trouxe uma nova dimensão ao seu valor comercial.
A fluorita (fluoreto de cálcio, CaF2) é um mineral altamente versátil, com características que a tornam indispensável em diversas indústrias. Apesar de sua composição teórica conter 51,1% de cálcio e 48,9% de flúor, sua rede cristalina permite substituições e inclusões de outros elementos, como cério e ítrio.
A diversidade de cores e formas cristalinas da fluorita a torna ainda mais fascinante. De verde a violeta, de azul a amarelo, suas variações são um testemunho da complexidade de seu ambiente geológico.
A fluorita ocorre em uma multiplicidade de ambientes, desde filões em rochas ígneas e sedimentares até depósitos estratiformes em rochas carbonatadas.
No Brasil, o distrito fluorítico de Santa Catarina abriga algumas das principais minas de fluorita em operação, cobrindo uma área significativa. As mineralizações ocorrem em forma de filões, influenciados pela composição química e temperatura do fluido mineralizante de origem hidrotermal.
A mineração da fluorita apresenta desafios únicos, especialmente devido à sua resistência ao intemperismo químico, que a mantém estável em condições de superfície, mas também a torna suscetível à decomposição em solos úmidos. A lavra, portanto, é realizada tanto a céu aberto, em jazidas constituídas de fragmentos associados à argila, quanto subterraneamente, utilizando métodos como shrinkage e rebaixo de câmaras.
Nos métodos subterrâneos, galerias horizontais são desenvolvidas a cada 50 metros de profundidade, acompanhando a direção do filão de fluorita. Blocos de lavra são preparados a cada 80 metros, onde o desmonte do minério é realizado de maneira ascendente, seguido pelo transporte do material desmontado para a superfície.
O concentrado de grau ácido obtido é uma fonte vital de flúor, utilizado na produção de ácido fluorídrico (HF) e uma ampla gama de produtos químicos conhecidos como “fluoroquímicos”.
Assim, a jornada da mineração de fluorita é uma mistura fascinante de história, ciência e tecnologia, cujo valor só aumenta com o passar do tempo, impulsionando o progresso em diversas áreas industriais.
Referências: Rochas & Minerais Industriais/Ed. Adão Benvindo da Luz e Fernando
Antonio Freitas Lins. 2.Ed. – Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2008.