Em termos mais amplos, a geologia urbana é a aplicação das ciências da terra aos problemas que surgem na interação da geosfera, hidrosfera e biosfera dentro de áreas urbanas e urbanizadas. Dessa forma, vai além da aplicação da geologia na engenharia civil (comumente chamada de “geologia de engenharia”).
A geologia urbana baseia-se em todas: as ciências da terra, da estratigrafia à geoquímica e hidrogeologia às técnicas de exploração geofísica; e muitas vezes faz ligações com as ciências biológicas e ambientais.
Grove Karl Gilbert, um importante estudioso dos anos 30 em particular, foi um dos primeiros a observar os conflitos entre a urbanização e o ambiente geológico.
Ele documentou os aspectos negativos dos seres humanos como agentes geológicos em termos do impacto da mineração de ouro em aluvião em larga escala nas montanhas de Sierra Nevada sobre os riscos de inundação nas cidades da região central, no Vale da Califórnia.
Ele também documentou o terremoto em 1906 em São Francisco e a localização problemática dessa e de outras cidades ao longo da falha de San Andreas.
A investigação da geologia urbana ganhou força com a publicação em 1973 de “Cities and Geology” pelo engenheiro civil anglo-canadense Robert Legget.
O livro abriu os olhos para a diversidade de ligações das ciências da terra dentro do ambiente urbano e coincidiu com os primeiros esforços conjuntos em geologia urbana em escala nacional nos Estados Unidos.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos também produziu um Atlas de Mudanças Urbanas e Regionais como uma série de relatórios de acesso público em 1975. Essa enxurrada de atividades foi, em parte, uma resposta do governo Nixon à percepção da crescente força política do movimento ambientalista.
No Canadá, a Sociedade Canadense de Geologia foi proativa quanto a geologia urbana, entre o final dos anos 1970 e 1990. Compilações robustas temáticas importantes envolvendo agentes governamentais, acadêmicos e do setor privado foram publicados pela sociedade no final de 1990.
Começamos nosso envolvimento formal em estudos geológicos urbanos na década de 1970, com Lionel Jackson mapeando e investigando padrões de erosão natural e humana e sedimentação como parte do estudo da região da Baía de São Francisco e Wilson investigando a geologia superficial, arqueoestratigrafia e geoarqueologia de Calgary, alertando sobre riscos de inundação.
Isso foi amplamente ignorado ou negado por sucessivos conselhos municipais até 2013, quando uma inundação devastadora, mas infelizmente previsível, atingiu Calgary e grande parte do sudoeste de Alberta, resultando no desastre natural mais caro da história canadense.
E no Brasil?
Ainda recente, mas com importantes trabalhos desenvolvidos pelos geocientistas, devemos potencializar a geologia urbana como uma disciplina integradora.
Como?
Devemos documentar locais de referência importantes, integrar novos dados de fontes geotécnicas e investigar o papel patrimonial da geologia no planejamento urbano.
Que tal usarmos essas informações para ajudar a defender a geologia urbana como disciplina?