Quando um levantamento magnetométrico é realizado, parte do processamento envolve a remoção da resposta do campo magnético global, que depende da data da aquisição. Esta resposta global é dada por um modelo matemático chamado IGRF (International Geomagnetic Reference Model). Dizemos que este é um modelo de referência, pois eles são a base para representar a forma esperada do campo magnético.
O campo geomagnético é frequentemente representado por um ímã no centro da Terra, e linhas com setas que vão do norte para o sul magnético verdadeiros. Através da modelagem matemática, sabemos que a porção principal do campo pode mesmo ser representada por um dipolo, então a comparação com uma barra imantada é válida. Porém, o campo possui outras variações que também são modeladas dentro do IGRF.
No IGRF mais atual, são aplicados termos polinomiais até a ordem 13. Isto indica que o modelo geomagnético deve representar anomalias de comprimentos de onda até cerca de 3000 km na latitude zero (Equador). Então ao aplicar o IGRF no dado adquirido, o usuário estará removendo anomalias regionais maiores que este valor. Antes de 1995, o campo geomagnético era representado apenas até a ordem 10. O incremento de resolução veio com o início da aplicação de dados orbitais na modelagem do campo.
O modelo dado pelo IGRF muda a cada 5 anos. Isto porque o campo magnético varia significativamente ao longo do tempo, então sua representação também precisa mudar. Então, ao longo dos intervalos de 5 anos, o campo geomagnético é monitorado e são observadas as variações deste campo. Após os 5 anos de sua publicação, uma comissão internacional estabelece os ajustes necessários no modelo para que ele represente da melhor forma o campo geomagnético da época que passou, e é publicado um modelo definitivo daquele tempo, chamado DGRF (Definitive Geomagnetic Reference Field).
Pelo estudo do IGRF é que acompanhamos, por exemplo, a posição dos polos geomagnéticos. Isto é fundamental para a navegação a longas distâncias, no caso de não haver o controle por sistemas GNSS. Por estes estudos nós sabemos, por exemplo, que a mudança de local do polo norte acelerou nas últimas décadas, e que o polo norte pode cobrir uma área mais extensa ou até se dividir em mais de um polo. Nos últimos anos, o polo norte magnético se divide entre o norte do Canadá e a Sibéria.