O Serviço Geológico Britânico (BGS, na sigla em inglês), a mais antiga agência de exploração geológica do mundo, foi pioneira na adoção da Realidade Virtual na pesquisa mineral e geociências.
Em 2005, a partir de uma crise financeira que impactou a disponibilidade de recursos para realização de trabalhos de campos, o BGS decidiu investir em inovação tecnológica para viabilizar campanhas de campo mais econômicas, mais eficientes e com tempo reduzido, através do uso da realidade virtual para melhorar o planejamento de campo e a análise de dados.
O BGS já possuía na época um enorme banco de dados geológico e geográficos de toda a Grã-Bretanha, incluindo: topografia e imagens de alta resolução, furos de sondagem, perfis geológicos, shapefiles diversos, modelos geofísicos e geológicos tridimensionais, digitalizações de afloramentos, dentre outros.
Para integrar toda esta enorme base de dados em um único modelo tridimensional da Grã-Bretanha, incluindo dados de subsuperfície e dados CAD 3D, foi desenvolvido o software Geovisionary, uma plataforma de visualização de dados em realidade virtual robusta, que conta com uma série de ferramentas de análise de dados em modo imersivo.
Além disso, outro objetivo foi disponibilizar o modelo em Salas de Realidade Virtual, para incentivar a colaboração não só entre geólogos, mas entre experts de diversas especialidades, para fomentar análises mais ricas e interdisciplinares dos dados.
O GeoVisionary permitiu aos geocientistas do BGS reconhecerem virtualmente a área de estudo, o que possibilitou uma redução de até 40% do tempo em campo, além de uma grande redução do tempo de pessoal em campo resultando em considerável redução de custos associados.
A utilização da tecnologia, quando permite a leigos o entendimento de questões geocientíficas complexas , possibilitou o embasamento de importantes discussões na sociedade como a adoção ou não da técnica de fracking na exploração de gás de xisto, permitindo a localização das reservas minerais em relação aos mananciais de águas subterrâneas.
Da mesma forma possibilitou melhorar a conscientização em relação a fenômenos naturais cujas consequências adversas podem ser amplificadas por ação humana, como inundações e deslizamos de terra, fundamentais no atual contexto de mudanças climáticas.
Mais recentemente, o BGS vem utilizando a tecnologia no monitoramento ambiental, através da conexão dos modelos 3D a sensores em tempo real, ou no planejamento de intervenções no subsolo urbano, como a expansão de metrôs ou do sistema de saneamento, contribuindo para cidades mais inteligentes e sustentáveis.