Terminologias que tanto confundem a comunicação entre geólogos e engenheiros


Você sabia que tanto os geólogos como engenheiros sofrem muito devido a confusão entre terminologias?
Muitas associações e comitês profissionais atuam para resolução de problemas terminológicos, gerando inclusive guias para essa finalidade.

Assim, muitos geólogos referem-se a areias, siltes ou argilas como “rochas moles”, presumivelmente trabalhando com o princípio de que, no tempo geológico, elas se tornarão “mais duras”, eventualmente se tornando “rochas sedimentares duras”. No entanto, muitos engenheiros de túneis pensariam em rocha branda como xisto, arenito brando, lamito, etc., ou seja, rochas que geralmente podem ser escavadas com bastante facilidade.

Na engenharia civil, os materiais geológicos de ocorrência natural são divididos em ‘solo’ e ‘rocha’. O “solo” não é apenas o do agrônomo, mas inclui também materiais granulares não cimentados (como pedregulhos, pedras, cascalho, areia, lodo) e materiais coesivos (argilas). Solos granulares têm grãos soltos e facilmente separáveis. Já os solos coesivos são geralmente plásticos e podem ser deformados e moldados sem quebrar.

Uma rocha definida em termos de engenharia é um material essencialmente rígido e muitas vezes frágil, sendo muito maior em resistência do que um solo, que não pode ser moldado ou dobrado sem romper.
Deve-se notar que tais critérios também podem ser estabelecidos parar argilas duras ressecadas, embora esse material não seja considerado rocha, mas solo em condições especiais.

A distinção entre rocha e solo parece ser bastante clara, mas na prática surgem problemas. Uma grande dificuldade é que muitos contratos de escavação são organizados de modo que haja uma taxa de pagamento para escavar “rocha” e outra para escavar “solo”. Se todas as rochas são frescas e todos os solos de origem aluvial, por exemplo, não há problema. No entanto, a rocha é frequentemente intemperizada na medida em que possui as propriedades geotécnicas de um solo, mas ainda é geologicamente reconhecido como uma rocha. Para o geólogo, uma rocha intemperizada ainda é rocha. Já para o engenheiro geotécnico é um solo. Confuso não?

A rocha intemperizada pode ser escavada tão facilmente quanto o solo, mas o pagamento deve ser feito considerando rocha, no sentido geológico, ou solo, no sentido geotécnico?

O esclarecimento da confusão pode ser agravado ainda mais. Alguns engenheiros consideram que se algumas das rochas mais fracas (como argilitos e siltitos), podem ser amostradas e ensaiadas usando equipamentos de sondagem e ensaios praticados em solos, então são efetivamente solos. Embora haja certa razão nesse argumento, ele pode ser perigoso em alguns aspectos da geotecnologia, como: a estabilidade do talude de tais materiais, onde o colapso do talude pode ocorrer por deslizamento em descontinuidades não relacionadas à resistência do material que comumente determina a estabilidade do talude do solo.

É muito melhor para nós, desenvolvermos o hábito de pensar tanto em solos quanto em rochas simplesmente como “materiais geológicos” cujo comportamento será determinado por suas propriedades geotécnicas.