A Busca pela Transparência da Licença Social para Operar

A interação de um projeto de mineração com o seu entorno sempre foi um ponto de atenção na implementação e operação de uma mina. O setor mineral está sempre atento ao modo como interage com a sociedade e na operação de uma mina, uma agenda social bem planejada e executada pode trazer valor para a comunidade e para a empresa e criar um ambiente de desenvolvimento e sustentabilidade para o empreendimento e sociedade.

Diferente de uma licença ambiental, a licença social para operar não é uma etapa obrigatória legal emitida por alguma entidade governamental. Ela é uma licença de operação obtida a partir do cultivo de uma relação transparente, de confiança e empatia pelo empreendimento mineral com a sociedade. Em suma, a Licença Social para Operar é o termo que denota como a operação de uma mina é aceita pelas comunidades locais.

Ao mesmo tempo em que a entrada de um projeto de mineração traz a expectativa de maiores dividendos e qualidade de vida para os municípios vizinhos, incertezas pela segurança da operação, alteração da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos surgem e trazem a desconfiança e o debate pela aceitação do empreendimento. A geração de renda, recolhimento de impostos e contrapartidas sociais que advém com o projeto são muitas vezes confrontados com perda de biodiversidade, poluição e aumento dos números de violência que o progresso pode gerar.

A implementação de uma agenda social pela indústria mineral deve passar por uma agenda que identifique quais são os stakeholders envolvidos na operação da mina e que estão associados aos impactos sociais. Com a definição de partes interessadas, é importante iniciar o mapeamento dos temas que mais influenciam estes stakeholders, aliado a um diagnóstico claro das principais demandas locais para trazer clareza aos desafios mais urgentes na região e que podem estar associados ao projeto.
Então, juntamente com os stakeholders, define-se a materialidade a partir do conjunto dos temas prioritários a serem atacados. Essa definição irá delimitar a atuação e clarear o foco e definição dos objetivos.

A definição de priorização em conjunto com os stakeholders envolvidos nos impactos sociais, são essenciais para uma atuação precisa. Ações incríveis de incentivo à economia local, tem surgido como alternativas adequadas da integração do empreendimento mineral com a comunidade no seu entorno. Ações voltadas para uma proteção da infância em uma região com alta vulnerabilidade social tem mais possibilidade de ganhar a empatia da comunidade do que em regiões onde há baixa vulnerabilidade social, onde pode ser mais adequado a formação de uma cadeia de fornecedores locais.
A adequação da ação à necessidade da comunidade tem mais chance de reforçar a Licença Social para Operar daquela mina.

Importante ter em mente que ações mal implementadas podem gerar relações frágeis e se mal comunicadas pode acabar criando um ambiente de desconfiança não somente na sociedade, mas também no mercado. O termo Socialwashing 
começa a surgir para definir aquelas ações que tentam encobrir resultados sociais negativos para buscar a imagem de empresa ética e socialmente responsável. A integridade das informações e transparência nos dados são essenciais para evitar essa classificação.

A mineração pode trazer empregos e oportunidades para fornecedores locais. Por isso, se uma relação com a sociedade é gerida com o fim de integrar as necessidades do projeto com as necessidades das comunidades vizinhas, a operação da mineração pode ser uma fonte positiva de mudanças gerar maior sucesso na Licença Social para Operação.