É comum interpretar erroneamente o nome da área de banco de dados como se resumisse apenas ao software de depósito de dados de geologia.
No entanto, um sistema de gerenciamento de banco de dados é muito mais abrangente do que isso.
O Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Geocientíficos (SGBDG) abrange todo o processo de coleta, armazenamento e distribuição de dados geocientíficos, desde o planejamento da coleta até o controle de acesso ao repositório central.
Isso inclui tanto dados físicos (como testemunhos de sondagem e amostras) quanto dados digitais (como resultados analíticos), além de um repositório central e monitoramento de transações.
O Banco de Dados Geocientíficos não se limita apenas à Geologia (sondagem, amostragem e “QAQC”), mas é multidisciplinar, podendo armazenar dados de diversas áreas como Controle de Área, Direito Minerário, Meio Ambiente, Hidrogeologia, Geotecnia, Geometalurgia, Barragem e modelos utilizados na área de Recursos e Reservas.
Mesmo dados não-primários podem ser armazenados.
O SGBDG é um sistema multidisciplinar e dinâmico que pode ter várias pessoas acessando e atualizando seus dados, por isso é importante ter um responsável por sua gestão.
Muitas empresas de mineração no Brasil já possuem um SGBDG, mesmo que não tenham uma equipe ou pessoa dedicada exclusivamente ao banco.
Os agentes SGBDG podem ser confundidos entre si ou acumular funções de outras áreas, fazendo com que seu trabalho não seja efetivo.
Mas quem são estes agentes?
Como eles vivem?
Como eles comem?…
DA – Data Administrator
Esta figura, na verdade, normalmente não existe nos projetos de mineração. Suas atribuições são distribuídas entre o gerente da Geologia e/ou Exploração, o geólogo responsável pela campanha de sondagem (CP, MP e/ou LP), geólogo responsável pelo galpão e o DBA.
A conclusão é a seguinte: dado com muitos responsáveis é igual a cachorro com muitos donos: morre de fome.
DBA – Database Administrator
Um DBA (administrador de banco de dados) é responsável por gerenciar o software que armazena os dados coletados.
No entanto, na realidade, pode haver situações em que o profissional de TI encarregado não entenda muito sobre os dados coletados, o que pode levar a atrasos no suporte.
Além disso, um DBA pode ter outras responsabilidades além do gerenciamento do banco de dados, ou ele é da área Geologia, Geografia, Engenharia de Minas ou até Matemática/Estatística, que entende dos dados, e entende tanto que o gerente pede para que ele não tome conta somente do banco, mas também do galpão, da descrição, da amostragem, faça o QAQC e que também fiscalize as sondas.
Enfim, a única coisa que ele não fará, certamente, é olhar para o banco de dados.
Outra opção é que ele também seja da área técnica sem capacitação para tratar o banco de dados.
Um profissional bem-intencionado, mas com pouco conhecimento, pode não somente fazer errado, mas também estragar o que já havia sido feito corretamente.
Coletores e Clientes
Os usuários de um sistema de coleta de dados podem ser divididos em coletores (ou produtores) e clientes.
Os coletores são responsáveis por coletar e gerenciar os dados, incluindo sondadores, fiscais de sondagem, descritores, amostradores e técnicos de laboratório.
Por outro lado, os clientes são os profissionais que utilizam os dados para realizar análises e tomar decisões importantes para a organização, incluindo qualified person e competent person.
Estas más interpretações sobre todos os componentes do Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Geocientíficos, e sua subutilização, podem gerar atrasos nas entregas, inconsistências nos dados e retrabalho, diminuindo a confiança na informação e aumentando o risco do negócio.
No momento em que as empresas se conscientizarem e tratarem a “disciplina” banco de dados como deve ser tratada, elas começarão a ver o banco como valor, como investimento, e não ter a certeza de que, por enquanto, é somente um custo mesmo.