A origem do ESG se dá na percepção, que ocorreu antes da virada do milênio, de que o planeta estava vivendo uma nova era onde a população mundial crescia cada vez mais rápido e consequentemente utilizando os recursos deste planeta de forma cada vez mais intensa e sem controle.
Esse crescimento iria precisar de mais alimentos, mais moradias, mais energia e mais insumos que seria impossível enumerar neste despretensioso artigo.
Se por um lado a presença do ESG é recente, por outro a mineração é uma vocação natural do Brasil e sempre se manteve relevante na economia brasileira.
Somente em 2021, a mineração representou 80% do saldo da balança comercial de acordo com dados do IBRAM.
São um total de R$ 339,1 bilhões em faturamento somente neste setor, o que corresponde a 5% do PIB do país.
Isso indica que o setor está presente na vida de boa parte dos brasileiros, direta ou indiretamente.
É nesse contexto que o setor de mineração tem um papel protagonista na liderança das transformações econômicas que serão geradas pelo contexto ESG.
O setor está diretamente ligado à oferta dos insumos que a sociedade irá precisar para sustentar o crescimento populacional, sem deixar de se preocupar que a forma de produção esteja integrada às políticas de meio ambiente e social nas quais estará inserido.
O crescimento do mercado agropecuário, por exemplo, deve levar em conta o suprimento de fertilizantes, o mercado de energia limpa não pode crescer sem observar o abastecimento de lítio e terras raras, na produção de baterias, ou mesmo alumínio, zinco, cobalto, manganês, grafite e cobre na produção de pás eólicas, carros elétricos e cabos de energia que serão vitais de produção de energia alternativa aos combustíveis fósseis.
Embora tenha de estar preocupado em sustentar esta demanda crescente, o setor não pode (e não está!!) alheio aos movimentos ambientais e sociais na qual estará inserido.
Há um movimento na indústria de mineração, liderada pelo IBRAM, que está atento à essa responsabilidade e buscando responder de forma clara e rápida à sociedade com metas mensuráveis, verificáveis, reportáveis, críveis, alcançáveis e implementáveis em 12 áreas:
- Segurança operacional
- Barragens e estrutura de deposição de rejeitos
- Saúde e segurança ocupacional
- Mitigação dos impactos ambientais
- Desenvolvimento local e futuro dos territórios
- Relacionamento com comunidades
- Comunicação e reputação
- Diversidade e inclusão
- Inovação
- Água
- Energia
- Gestão de Resíduos
A exigência de uma revisão de estratégia não passa despercebida entre a governança das principais mineradoras do país.
De acordo com a EY Brasil, em uma pesquisa com executivos das 10 principais mineradoras do país, a agenda ESG passou a ser prioridade na indústria.
A pauta ambiental, social e descarbonização são os principais riscos e oportunidades identificados nessa pesquisa, ultrapassando a preocupação sobre as licenças para operação.
Algumas das principais mineradoras possuem metas claras de zerar a sua emissão de carbono nos próximos anos, indicando a relevância deste tema e sua tendência para os próximos anos.
Os próximos anos serão cruciais na formação de uma nova economia que estará pautada na ética ambiental, social e de governança.
O setor da mineração já tem consciência da sua responsabilidade seja na oferta dos produtos minerais, seja na forma como se dará a sua interação com a sociedade.
O ESG já impacta nas estratégias das mineradoras e no desenvolvimento dos planos nacionais de mineração de forma muito profunda.
Há que se manter atento pois serão tempos de muita transformação!